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Teóloga acusa Igreja Batista de sexismo; instituição nega

A Abyssinian Baptist Church, ao longo dos seus impressionantes 215 anos de história, adquiriu a reputação de ser o carro-chefe entre as igrejas Afro-americanas nos Estados Unidos. Localizada em Harlem, famosa por se tornar uma megaigreja, particularmente com a ascensão política do pastor Rev. Adam Clayton Powell, Jr. — um dos líderes mais influentes da extensa lista de pastores que já lideraram a congregação. O pastor Powell liderou essa igreja de 1937 a 1972 e exerceu mandato no Congresso durante 26 anos.

Eboni Marshall Turman tenta abrir novos caminhos

Dentre os incontáveis fiéis que consideravam a Abyssinian como sua residência espiritual estava Eboni Marshall Turman, que acreditava que poderia se tornar a primeira mulher a ser pastora sênior da igreja. Ela subiu na hierarquia e em 2007 se tornou a pastora mais jovem a ser ordenada na história da Abyssinian. Após o falecimento do então pastor sênior Calvin O. Butts III em 2022, Marshall Turman — na época professora na Yale Divinity School — estava entre as dezenas de pessoas que se candidataram para preencher a vaga aberta.

Processo legal alegando discriminação de gênero

Ela estava cheia de otimismo de que seria escolhida. Em vez disso, ela nem sequer chegou a ser finalista, e está tão convencida de que o sexismo foi o principal fator que agora entrou com um processo no tribunal federal acusando Abyssinian e seu comitê de seleção de discriminação de gênero. Além da igreja, o processo — protocolado em 29 de dezembro — também aponta diretamente para a presidente do comitê de seleção, Valerie S. Grant, acusando-a de se comportar de maneira inadequada ao fazer perguntas e levantar questões com Marshall Turman que não foram abordadas com seus colegas do sexo masculino.

Defesa da Igreja contra acusações

“A discriminação de gênero motivou a decisão de não contratar (Marshall Turman), um fato discutido abertamente durante as reuniões do Comitê, inclusive por Grant e outro membro do Comitê, que disse que Abyssinian só contrataria uma mulher como sua Pastora Sênior ‘sobre o meu cadáver,’” afirmou a queixa. A igreja de Harlem e Grant, que também é membro do conselho do Morehouse College em Atlanta, contestaram as acusações de discriminação do processo. “Embora ela e outros tenham sido considerados para o cargo por causa de seus impressionantes currículos, ela acabou não cumprindo alguns requisitos-chave para a função, onde outros candidatos finalistas prevaleceram e avançaram no processo”, disse a porta-voz da Abyssinian, LaToya Evans.

A controvérsia continua

As controversas discussões sobre quem deve pregar do púlpito têm causado grandes divergências em denominações e congregações cristãs em todo os Estados Unidos. Marshall Turman não respondeu aos pedidos de comentários da Associated Press. Nos últimos anos ela tem pesquisado a política de gênero nas igrejas negras e questões relacionadas, que também é o foco de seu próximo livro. Os finalistas restantes para a vaga de pastor sênior da Abyssinian são todos homens. O processo dá razões pelas quais Marshall Turman acreditava que teria uma chance real de preencher o principal cargo da Abyssinian. Este caso levanta mais uma vez a questão do papel das mulheres nas igrejas negras e na sociedade em geral.

Lucas Alves

Jornalista e colaborador do Diário da Fé.

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