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O que acontece quando choramos pelos mortos? O que a Bíblia fala?

Quantas vezes já ouvimos expressões como: “o choro é expressão de fraqueza” ou “homem que é homem não chora”? Infelizmente, essas frases traçam um retrato distorcido da realidade em nossa sociedade. Entretanto, nada é mais triste e preocupante do que o desprezo e desrespeito por aqueles que choram seus entes queridos, especialmente em situações como a pandemia de Covid-19.

Em momentos de dor e sofrimento, muitos são deixados à mercê, sem nenhum amparo, como “ovelhas sem pastor”. A indiferença sobre a dor alheia é um sinal de crescente desumanização. E, lamentavelmente, vemos esse cenário se repetindo em altas instâncias do governo e outros setores políticos. Afinal, como fica a sensibilidade frente à dor alheia?

Chorar é humano

Nesse cenálogo, a sociedade, indiferente à dor dos outros, parece estar em uma onda fria de insensibilidade e maldade. Porém, é importante lembrar que, por mais que certos setores da sociedade tentem desprezar ou desrespeitar, o choro é uma expressão puramente humana. Ao contrário do que pregam essas frases prontas, chorar não é sinal de fraqueza, mas sim, uma manifestação física e biológica natural frente a sentimentos emocionais e psicológicos como dor, perda e tristeza.

Chorar teria um aspecto teológico?

A Bíblia, por exemplo, relata diversas situações em que o choro é manifestado em momentos de luto. Na ocasião da morte da matriarca Sara, por exemplo, o texto sagrado registra: “Abraão veio cumprir o luto por Sara e chorá-la” (Gn 23, 2). Outros episódios também reforçam este comportamento, como na morte do grande líder Moisés (Dt 34, 8) e do profeta Samuel (I Sm 25, 1; cf. 28, 3). A morte, inevitavelmente, traz consigo o luto e o choro, seja ela de um familiar, amigo ou figura pública importante.

A própria figura de Jesus Cristo, conforme os Evangelhos, por ocasião da morte de Lázaro, é movida ao choro: “E Jesus chorou” (Jo 11, 35). Portanto, em vez de reprimir ou desdenhar o choro, deve-se compreender e respeitar essa natural e necessária manifestação humana.

Chorar é um direito e dever

Chorar não é só um direito do enlutado, é também um dever de todos nós. Nós, como seres humanos, temos a responsabilidade de não deixar aqueles em luto sozinhos em sua dor. Precisamos oferecer nosso ombro, nossa empatia. Não podemos encarar a vida como se ela fosse composta por uma única estação. Afinal, mesmo o outono, marcado por sua aparente desolação, abre caminho para a primavera. A covid-19 vai passar e a vida seguirá seu caminho. E os que “semearam entre lágrimas, cantando hão de ceifar” (Sl 126, 5). Portanto, a mensagem que deve ser transmitida é: “Chore, é seu direito e nós estamos aqui para te apoiar”.

Lucas Alves

Jornalista e colaborador do Diário da Fé.

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