A Índia, apesar de ser a maior democracia do mundo, é um país onde o conflito entre cristãos e hindus é intensamente marcado por perseguições religiosas. Cristãos indianos frequentemente enfrentam hostilidade e violência, impulsionadas por extremistas hindus que acreditam que ser indiano é sinônimo de ser hindu. Essa mentalidade gera uma série de ataques violentos, forçando muitos cristãos a esconderem sua fé e criando um clima de medo constante. Em várias regiões, especialmente onde as autoridades também são nacionalistas hindus, a impunidade para os agressores é comum, exacerbando a situação.
A perseguição aos cristãos na Índia é reforçada por leis anticonversão implementadas em diversos estados, que criam um ambiente de intimidação para qualquer cristão que compartilhe sua fé. Campanhas de “volta para casa” (ghar wapsi) exercem intensa pressão sobre cristãos convertidos do hinduísmo para que retornem à sua antiga fé. Aqueles que se convertem enfrentam discriminação no local de trabalho, perda de empregos, violência e até morte. Líderes de igrejas e suas famílias são alvos frequentes de ataques por grupos extremistas.
Invasão e destruição de igreja
No meio desse intenso conflito, um incidente recente em Telangana ilustra a gravidade da situação. A discussão sobre a ampliação de uma estrada se tornou a justificativa para um ataque violento contra uma igreja cristã e seus membros. Em fevereiro deste ano, vizinhos da igreja começaram uma disputa com os 30 membros da congregação sobre a expansão da via pública, que envolvia a invasão de quase dois metros da propriedade da igreja.
A discussão rapidamente se transformou em violência quando uma multidão de cerca de 200 pessoas armadas com paus e pedras invadiu a igreja, destruindo o local e agredindo fisicamente os cristãos presentes, incluindo mulheres e crianças. Os agressores, motivados por extremistas hindus, aproveitaram a situação para atacar os cristãos, resultando em ferimentos graves em vários membros da congregação.
A polícia, em resposta ao ataque, prendeu tanto cristãos quanto agressores, acusando os cristãos de tentativa de homicídio. Nitish, um cristão local, relatou que os cristãos detidos foram coagidos a assinar documentos em favor dos agressores para obter fiança, enquanto os agressores foram libertados imediatamente.
O ataque deixou a comunidade cristã aterrorizada, levando algumas famílias a se mudarem para outras comunidades e muitos a evitarem a igreja. A frequência aos cultos caiu drasticamente, com apenas algumas mulheres comparecendo. Priya Sharma, parceira local da organização Portas Abertas, destacou que ataques a igrejas são recorrentes e têm aumentado na Índia, com centenas de igrejas sendo fechadas nos últimos anos.
Nitish expressou gratidão pelo apoio de parceiros locais e pediu orações contínuas para enfrentar a perseguição. Este incidente em Telangana é um exemplo claro da grave situação enfrentada pelos cristãos na Índia, onde a perseguição religiosa é uma realidade cotidiana.
