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Comer sangue é pecado: entenda os pontos de vista para saber se pode ou não

Nosso desejo natural por respostas a perguntas difíceis muitas vezes nos leva a explorar os ensinamentos de várias crenças. Um exemplo notável disso é a questão da permissão de comer sangue dentro das doutrinas bíblicas. Longe de ser uma discussão fácil, é uma questão que dividiu as opiniões ao longo do tempo e continua sendo um tópico relevante hoje.

Deus realmente proibiu comer sangue em todas as épocas? Segundo os escritos bíblicos, parece que sim. Desde a época do dilúvio, a orientação expressa na Bíblia como sendo a palavra de Deus é então solidificada na lei de Moisés e persiste no Novo Testamento.

Comer sangue é proibido pela Bíblia?

Inicialmente, após o dilúvio, o Senhor teria dito que embora todos os animais e peixes foram entregues aos humanos para o consumo, a carne com sua vida ou seja, com seu sangue, não deveria ser comida (Gênesis 9:2-4). Essa proibição é reforçada na lei de Moisés onde é dito que qualquer homem que comer sangue será eliminado do seu povo (Levítico 17:10-12). Esta proibição continua no Novo Testamento, se abstendo de alimentos sacrificados a ídolos, bem como do sangue (Atos 15:28-29).

Essas proibições se aplicam a nós hoje?

Alguns discordam dessa interpretação. Eles acreditam que esses mandamentos tinham um propósito especial no tempo do Novo Testamento, visando principalmente evitar ofender as sensibilidades dos judeus e permitir o compartilhamento de refeições entre judeus e gentios.”);

Os contra-argumentos são respaldados por três fatores. Primeiro, a linguagem específica usada para transmitir essas proibições era frequentemente reservada para decretos e ordenanças, sugerindo que essas instruções não eram opcionais ou temporárias. Segundo, o contexto mais amplo de Atos 15 rejeita a ideia de que a proibição era apenas uma tentativa de acomodar o preconceito judaico. Finalmente, além de proibir comer sangue, as decisões também baniam a fornicação e a idolatria. Portanto, se a proibição de comer sangue fosse revogada, o mesmo deveria ser aplicado a esses outros mandamentos.

Qual o entendimento moderno dessas proibições?

Mesmo com vários pontos de vista, ainda resta como uma verdade incontestável que o ato de comer sangue foi proibido em várias ocasiões na Bíblia. Entretanto, como qualquer interpretação de textos religiosos, variações podem surgir dependendo do contexto cultural e individual de cada um. Ainda assim, para aqueles que buscam seguir as escrituras ao pé da letra, parece que a resposta é clara: comer sangue é proibido. Há sempre um equilíbrio delicado ao considerarmos questões de alimentação e crenças religiosas, e a discussão sobre o consumo de sangue é apenas um exemplo disso. No final, a interpretação e aplicação desses ensinamentos dependem do indivíduo e suas crenças.

Abster-se do sangue: Um ato de amor e não uma lei restritiva

Nessa perspectiva, a determinação do Novo Testamento para o abster-se do consumo de sangue pelos cristãos gentílicos significava mais um ato de amor do que uma lei restritiva. Isso porque os cristãos gentílicos evitavam o consumo de sangue para não escandalizar os cristãos judeus, seus irmãos na fé. Deste modo, assim como há a recomendação de evitar atitudes que possam escandalizar os irmãos frágeis na fé – mesmo que essas ações, por si só, não sejam pecaminosas – deve-se, por amor, abster-se de ações que possam comprometer a fé destes. Isso vale até que esses irmãos se capacitem para entender tais atos. Comer sangue, portanto, não é tido como pecado em si mesmo, mas pode representar a ausência de amor ao próximo. Isso ocorre quando tal prática escandaliza os cristãos que ainda não compreendem tal atitude. Nessa situação, será o desamor – e não o ato de comer sangue – o pecado. Resta a pergunta: até quando devemos nos abster de praticar um ato não pecaminoso, por amor aos cristãos mais fracos na fé? A resposta é: até que esses irmãos sejam instruídos na fé e entendam que determinadas práticas não são pecaminosas.

Lucas Alves

Jornalista e colaborador do Diário da Fé.

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